quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Resenha: Lolita, por Vladimir Nabokov


Muitos devem se perguntar o que tem na cabeça de um autor que escreve um romance entre uma garota de 12 anos e um homem de 40 anos. Outros devem se perguntar porquê alguém seria capaz de se interessar em ler algo assim. E ainda outras pessoas devem se chocar ao pensar que um livro desses é considerado um clássico. Bem, isso é Lolita, de Vladimir Nabokov.


Lolita, por Vladimir Nabokov
Editora Companhia das Letras
320 páginas
Minha Nota: 4

O livro foi lançado em meados da década de 50 e antes disso foi recusado varias vezes. Segundo o próprio autor, varias editoras nem chegaram a ler o livro todo antes de recusar e outras diziam que se publicar, seriam os dois presos. Isso porque Lolita conta a historia de Humbert Humbert, um europeu que vem para os Estados Unidos após se separar da sua mulher e aluga um quarto na casa de Charlotte Haze, uma viúva.

Charlotte Haze tem uma menina de 12 anos, Dolores, uma ninfeta, segundo Humbert. A seguir vai o significado de ninfeta:

“Adolescente com a delicadeza de uma jovem, mas com a sensualidade de uma mulher.”



Desde sempre, Humbert sentia-se atraído por garotas, ninfetas em especial, e morar na casa de Dolores foi o pontapé inicial para esse grande romance. Dolores não é nada idiota, e mesmo com sua pouca idade, sabia da paixão de Humbert, e por isso sempre o atiçava.

Até que o dia em que Charlotte, num horrível acidente, é morta. Agora o caminho de Humbert e Dolores estavam livres e ele pega a menina e juntos viajam pelas incríveis paisagens da America do Norte.

Ele é narrado por Humbert alguns anos após todos os acontecimentos, ele está na cadeia e prestes a morrer – segundo o epilogo, ele morreu uma semana após terminar o manuscrito. Nabokov não economizou em sua obra, o livro é rico em descrição, realmente narrado por um apaixonado. Humbert era um cara antigo, romântico e obviamente europeu. Gostava muito mais dele do que a impulsiva, pirracenta, mal-educada e infantil Dolores – todos esses adjetivos são usados por sua própria mãe ao descrevê-la, e fica obvio que ela tinha razão ao decorrer do livro. Não desgostava inteiramente dela, mas é uma pessoa que eu preferia não conviver todo dia.

Se eu disser que esse livro foi fácil estaria mentindo, ele foi difícil. Esteve comigo desde dezembro e fui lendo aos poucos, ocasionalmente parando por outros livros, mas nunca esteve em minha mente parar de lê-lo. A primeira parte é mais rápida e li ela em poucos dias, mas na segunda parte a leitura se tornou um pouco lenta, mas assim que retornei a leitura com afinco, terminei-a em poucos dias.

"Eu seria um hipocrita se dissesse – e o leitor um tolo se acreditasse – que o choque de perder Lolita me havia curado da pedofilia. Minha maldita natureza não podia mudar, por mais que mudasse meu amor por Lô. Nas praias e nas pracinhas, meu olhar soturno e furtivo continuava a procurar, contra minha vontade, o clarão de um braço ou de uma perna de ninfeta."


Esse livro foi banido em vários países e mesmo assim é considerado um clássico. Nele, conseguimos enxergar a alma de Humbert e entendemos que ele nunca foi um pedófilo que queria machucar a sua Lolita, mas um apaixonado que só queria ser e fazer dela feliz. E por isso, eu espero, que esse romance seja um dos clássicos do século XX. 


Quotes

Não são as aptidões artísticas que constituem caracteres sexuais secundários, como pretendem alguns xamãs e charlatães; muito pelo contrario, a sexualidade não passa de uma expressão subsidiaria da arte.

***

Não importa quantas vezes relemos o Rei Lear, jamais encontraremos o bom monarca levantando seu canecão de cerveja, todas as desventuras esquecidas, num festim palaciano a que estão presentes as três filhas e seus cãezinhos de estimação. Jamais veremos Emma se curar, reavivada pelos sais contidos na lagrima oportunamente vertida pelo pai de Flaubert. Qualquer que seja a evolução desta ou daquela personagem entre as capas do livro, seu destino está cristalizado em nossas mentes, e, da mesma forma, esperamos que nossos amigos sigam esta ou aquela trajetória lógica e convencional que traçamos para eles.

  
***

Podem zombar de mim, ameaçar de evacuar o tribunal, mas até que eu seja amordaçado e semi-asfixiado continuarei a proclamar aos brados minha pobre verdade. Insisto em que o mundo saiba o quanto amei minha Lolita, ainda com os mesmos olhos cinzentos, os mesmos cílios cor de fuligem, os mesmos tons de castanho e amêndoa, a mesma Camencita, ainda e sempre minha!

12 comentários:

  1. Seria mentira se eu dissesse que não tenho nenhuma vontade de ler um livro, por que a curiosidade sempre esteve aqui desde a primeira vez que ouvi falar sobre ele.
    Não sei como reagiria a ler ele, geralmente não me dou bem com livros assim, mas para ser sincera você atiçou mais ainda minha curiosidade, ainda assim, não acho que esteja preparada para esse livro, quem sabe um dia.
    E eu não preciso dizer que você fez uma resenha maravilhosa, como sempre.

    Bjs

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  2. Adicionei Lolita a minha lista de livros do Desafio Literário 2013. Muitas vezes, liamos trechos da obra em aulas de português e eu me perguntava "como podem adicionar trechos de um livro assim?". A resposta é simples: Lolita realmente é um clássico. Minha professora dizia para esquecermos todo o caso de pedofilia envolvido e focar no modo como a história foi escrita, aí sim veríamos o clássico atrás do livro banido. É o que farei! Estou me preparando psicologicamente para ler a tão falada obra com olhos diferentes. Claro, a revolta estará presente, mas buscarei ler o livro com bons olhos.
    Parabéns pela resenha, está bem completa e o intuito, o de despertar a curiosidade, foi alcançado!

    Abraços,
    David.

    http://usikre.blogspot.com.br/

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  3. Nossa, vc escreveu muito bem! Lolita eu ainda preciso ler...mas deve ser um pouco chocante por algumas partes...gostei de ler os quotes que vc separou!!!
    Imagina que tenha sido banido, mesmo...deve ter chocado algumas culturas...
    Bjs
    http://marlicarmenescritora.blogspot.com.br/

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  4. Eu acho que não tenho muita vontade de ler esse livro. Acredito que um dia eu vou ler, mas por agora não tenho vontade.

    Segui o seu blog, muito fofo. Se puder seguir o meu...

    americanmuffins.tumblr.com

    Bjs

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  5. Quando eu tinha uns dez anos, minha família estava de mudança e meu pai estava guardando alguns clássicos da Abril. Descobri Lolita por aí. Comecei a ler, mas parei logo de início, porque não entendia certas coisas (até tentei voltar a ler aos onze, mas não deu muito certo). Sua resenha foi bastante esclarecedora em vários pontos - com certeza me convenceu a ler Lolita desta vez. Já estou seguindo o seu blog!

    Clara
    http://labsandtags.blogspot.com.br/ (dê uma visitinha lá, se quiser)

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  6. Eu nunca tinha ouvido falar de Lolita... Nossa, preciso muito ler esse livro, sua resenha me deixou com muita vontade!
    Claro que não sou a favor da pedofilia, mas apesar de ser o caso, acho que a leitura é feita sem perceber isso, até porque é a menina mesma que provoca o homem também (bem parecida com as meninas de hoje de 12 anos kkkk).
    Estou curiosa!

    Ei, estou seguindo!
    Pode retribuir?
    Beijão
    http://livrosebatons.blogspot.com.br/

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  7. Eu estava super sem vontade de ler Lolita, tenho uma amiga que leu, amou e adorou. hahaha'
    mas a tua resenha tá tão convincente que vou dar uma chance ao livro *-*

    Beijocas!

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  8. Nunca li o livro, mas se não me engano passou uma nimi-série na Globo sobre esse livro há muito tempo atrás.
    Gosto desse nome Lolita, acho forte e bem chamativo.
    Adorei a resenha.
    Seguindo seu blog, o brigada pela visita.
    Resenha #60 - Dezesseis Luas
    Confere lá!
    Manuscrito de Cabeceira
    Beijos.

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  9. Que lindo seu blog ^^
    Estou seguindo *.*

    Eu morro de vontade de ler esse livro
    E tua resenha só realçou isso hehehehe!
    Adorei

    Suuper beijo!
    http://estoulendoo.blogspot.com.br/

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  10. Lovely blog <3

    Would you like to follow each other? :)
    http://fantasyfashioned.blogspot.de/

    xx♥

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  11. Já eu gostei mais de Lolita que de Humbert, gostava dele no filme, mas após ler o livro peguei horror a ele, grande momento da Literatura!

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