Quando eu tinha 7 anos eu
ingressei na 1ª serie, atual 2º ano, já sabia ler e escrever, bom o suficiente
para uma criança daquela idade. Lembro que minha mãe me levou para a biblioteca
municipal, que funcionava em frente a minha escola e fez uma ficha em meu nome.
Não irei dizer que abracei os livros na mesma hora e que logo naquela tenra
idade virei uma bookaholic. Na
verdade, foi ao contrario.
Eu tomei foi é raiva. Minha
mãe havia me obrigado a criar a ficha e toda semana ia lá comigo para trocar
livros. Só que eu não queria, eu não gostava muito de ler. Que criança de 7
anos gosta de ficar com a cara nos livros? São pouquíssimas e eu não era exceção.
Por pura raiva, eu até ia lá na biblioteca, mas pegava só gibis da Turma da
Monica. Minha mãe ficava com raiva – claro, ela queria que eu levasse livros não quadrinhos – mas não tinha como me impedir.
E foi assim por um tempo, até
que eu tinha lido todos os gibis da biblioteca. Então eu não tive outra escolha
senão levar livros. Tentei ler Monteiro Lobato milhares de vezes, mas era um livro
grande demais para mim na época, e os abandonei muitas vezes (ainda não os
peguei novamente para ler, mas quem sabe agora que eu cresci eu leia?). Eu não
era uma leitora freqüente, mas pelo menos minha mãe tentava me fazer gostar de
ler.
Também tive uma época, anos
mais tarde, em que eu me viciei em Pedro Bandeira. Eu amo ele até hoje, mas
naquela época eu ia na prateleira em que tinha as obras dele e só escolhia
livros dele. Li A Droga da Obediência e A Droga do Amor – que na época eu não
sabia que fazia parte da serie Os Karas, qual que eu completei muitos anos
depois. Um dos livros que mais marcaram a minha infância foi desse autor, O Primeiro Amor de Laurinha e O Mistério da Fabrica de Livros.
Se tem uma coisa que eu sempre
vou me lembrar da minha infância, foi quando eu estava na escolinha. Todos nós
não sabíamos ler ainda, mas queríamos saber. E quando um de nossos coleguinhas
aprendeu a ler antes de todo mundo, eu senti tanto ciúmes. Eu queria aprender a
ler, queria ler os meus livros por mim própria. Não fui a segunda nem a
terceira a aprender a ler naquela turma, mas quando aprendi a ler foi uma das
maiores felicidades da minha vida.
Escrevendo esse texto me veio
varias lembranças da minha infância. Me lembro também de que aos 6 anos, a
escolinha nos levou para a biblioteca – a mesma que um ano depois minha mãe me
fez criar uma ficha – e chegando lá eu só li, li tantos livros possíveis,
enquanto os outros coleguinhas conversavam e brincavam e poucos liam. Ao
voltarmos para a escola, o próprio pessoal da biblioteca ligou para escolinha
elogiar a menininha de trancinha, que era eu, afinal, ela foi lá para a
biblioteca para fazer o que uma biblioteca é reservada para, para ler.
Talvez não seja fácil fazer
uma criança gostar de ler, mas não desista. Apresente a elas historias, leia
para elas enquanto não sabem ler, leia conto de fadas, historias diferentes,
historias mais fantásticas, compre livros para elas, isso é um bom começo. O
mundo precisa de mais leitores antes de qualquer coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário